Desenhar a malha logística deixou de ser uma discussão restrita ao time de logística. Em mercados mais voláteis, com crescimento do e-commerce, múltiplos canais, pressão de custos e exigência por serviço mais rápido, o estudo de malha logística (Network Design) passou a ser um tema discutido por vários setores das empresas.

No Brasil, a complexidade aumenta: além de volume, distância e infraestrutura, entram na conta tributação, incentivos fiscais, diferenças regionais e risco regulatório, o que torna ainda mais relevante o uso de modelos quantitativos e simulação de cenários.

O que é Network Design na prática

Em linhas gerais, estamos falando de decidir quantos centros de distribuição e fábricas a empresa deve ter, onde localizá-los, como conectá-los e quais modais usar, equilibrando custo, nível de serviço e riscos.

Na prática, Network Design é o processo de responder com dados e fundamentos a perguntas como:

– Quantos CDs, fábricas e hubs a empresa precisa?

– Onde faz mais sentido localizá-los, considerando demanda, fornecedores, infraestrutura e impostos?

– Qual desenho de fluxos (quem abastece quem) é mais eficiente?

– Quais modais de transporte devo utilizar em cada corredor?

– Quanto essa configuração custa – hoje e no futuro – para manter o nível de serviço desejado?

Ou seja, é o desenho da rede física da cadeia de suprimentos, conectando fornecedores, plantas, CDs e clientes finais. O objetivo clássico é minimizar o custo total mantendo (ou melhorando) o nível de serviço.

Localização, modais e cost-to-serve

Decidir onde colocar fábricas, CDs e hubs é uma das decisões mais sensíveis do Network Design. Fatores como proximidade da demanda e de fornecedores, infraestrutura, custos locais, incentivos fiscais e riscos regionais influenciam diretamente o custo e o nível de serviço. Enquanto uma rede mal localizada corrói a margem, uma rede bem desenhada sustenta competitividade por anos.

A escolha de modais em cada trecho da rede completa esse desenho. Combinar rodoviário, ferroviário, cabotagem e, quando faz sentido, transporte aéreo muda custo por pedido, lead time, confiabilidade e até a agenda ESG. Modelos de Network Design permitem comparar essas combinações com números, em vez de só intuição.

Do ponto de vista de custos, o foco deixa de ser apenas o “frete por nota” e passa a ser o cost-to-serve: transporte primário e secundário, armazenagem, manuseio, estoques, impostos e investimentos em ativos. Estudos de malha bem estruturados mostram quanto custa atender cada região ou canal hoje e quanto poderia custar em uma configuração alternativa, apoiando decisões mais conscientes sobre preços, SLAs e expansão.

Guia de Network Design com 5 passos

1. Comece pelas perguntas de negócio, não pelo mapa

Um bom projeto de Network Design começa definindo perguntas como:

– Queremos reduzir custo logístico total em X%?

– Precisamos encurtar prazos em determinadas regiões?

– Vamos abrir novos canais (D2C, e-commerce, marketplace, B2B)?

– Há metas de emissões, risco ou exposição fiscal que precisam ser consideradas?

Isso orienta o modelo: o que vai ser otimizado, quais restrições não podem ser violadas e quais trade-offs fazem sentido considerar.

2. Mapear a rede atual (baseline) com dados de verdade

Antes de propor qualquer mudança, é essencial construir um baseline robusto da rede atual:

– Onde estão fábricas, CDs, hubs, lojas, pontos de cross-docking;

– Para onde cada um envia e recebe;

– Volumes movimentados, lead times, níveis de serviço;

– Custos de transporte (por rota e modal), armazenagem, manuseio, impostos, fretes adicionais etc.

Esse mapa quantitativo é o ponto de partida para qualquer comparação. Sem ele, é impossível dizer se um novo cenário é melhor ou pior, ou quanto “dinheiro está na mesa”.

3. Construir a base de dados para localização, modais e custos

Em seguida, entra o trabalho de consolidar dados que alimentam o modelo matemático:

– Demanda geográfica: por região, canal, cliente ou ponto de entrega.

– Custos logísticos por modal e rota: rodoviário, ferroviário, cabotagem, aéreo, multimodal.

– Capacidades: limite de produção, armazenagem, docas, janelas de recebimento.

– Aspectos fiscais e financeiros: tributos, incentivos, câmbio (quando aplicável).

Soluções como o Otimix, da Linear, já foram desenhadas para incorporar aspectos financeiros, impostos, disponibilidade de recursos e fornecedores na própria modelagem de rede, integrando visão logística e econômica em um único modelo de decisão.

4. Rodar cenários de localização, modais e custos

Com o modelo calibrado, começa a parte mais estratégica: testar cenários. Alguns exemplos típicos:

– Centralizar a operação em menos CDs ou pulverizar em mais unidades regionais;

– Abrir um novo centro no Nordeste ou Centro-Oeste para reduzir lead time;

– Substituir parte do rodoviário por ferrovia ou cabotagem em certos corredores;

– Usar aéreo de forma seletiva para determinados serviços premium;

– Cenários de “custo mínimo possível” versus “melhor nível de serviço possível”;

– Trade-offs entre custo, serviço, risco e, quando aplicável, emissões de CO₂.

O modelo ajuda a quantificar cada alternativa: quanto custa, qual nível de serviço entrega, quais capacidades ficam estranguladas e onde há folga.

5. Transformar o resultado em roadmap e governança

Network Design não termina com um “mapa ótimo” em slide. O resultado precisa virar um roadmap implementável, com:

– Ações de curto, médio e longo prazo (ex.: mudar fluxos primeiro, abrir CD depois).

– Conexão com capex, contratos logísticos e estratégia comercial.

– Indicadores de acompanhamento (baseline versus cenário implementado).

E, principalmente, uma governança para revisar a malha sempre que o contexto mudar – crescimento acelerado, mudança de perfil de consumo, M&A, novas exigências fiscais ou regulatórias.

Network Design como alavanca de competitividade

Network Design não é um exercício acadêmico de mapas bonitos: é uma das principais alavancas estratégicas para reduzir custos estruturais, melhorar nível de serviço e aumentar resiliência em cadeias de suprimentos complexas.

Se a sua empresa está avaliando abrir ou fechar unidades, rever modais, encurtar prazos ou reduzir custo logístico estrutural, este é o momento ideal para colocar Network Design no centro da discussão.

A Linear Softwares Matemáticos é especializada em trazer inteligência matemática para a tomada de decisão em supply chain, com soluções que combinam otimização, IA e simulação de cenários.

Com o Otimix Network Design, software da Linear para estudo de malha logística, desenvolvido ao longo de mais de 20 anos, é possível:

– Construir um modelo fiel da rede atual (baseline);

– Testar diferentes números e localizações de fábricas, CDs e hubs;

– Comparar combinações de modais e estratégias de serviço;

– Quantificar o impacto em custo total, nível de serviço e risco para cada cenário;

– Apoiar a evolução contínua da rede, e não apenas um “projeto pontual”.

Quer decidir qual desenho de rede faz mais sentido para o seu negócio?


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